Atualmente existem inúmeras iniciativas no mundo a respeito das desigualdades de gênero e a predominância masculina nas posições de liderança. O assunto não é novidade aqui no Brasil e menos ainda no resto do mundo. Acabo de voltar de um encontro de líderes do IAB, que aconteceu recentemente em Phoenix, Arizona. Neste encontro tive a oportunidade de participar de discussões sobre o futuro do marketing digital nos quatro cantos do mundo. Algo me chamou a atenção: a palestra de abertura sobre a igualdade social, generalista. Apesar de existir uma sala dedicada às lideres mulheres, o palco principal foi aberto em grande estilo por Freada Kapor Klein, Ph.D. copresidente do Kapor Center para Impacto Social, que trouxe uma profunda reflexão sobre o equilíbrio social. Nesta oportunidade, Freada colocou algumas questões interessantes em pauta:
Se em algumas cidades há uma predominância feminina na população, porque isto não é retratado dentro das empresas?
Da mesma forma, se em certas cidades a predominância é de pessoas negras, porque isto não se reflete em nossas equipes?
Estas e muitas outras perguntas podem ser feitas para entendermos que, nossa força produtiva pode estar onde nós menos procuramos. De fato, mesmo sem percebermos, mesmo achando que trabalhamos muito bem com a meritocracia, nós fazemos julgamentos e analisamos as pessoas com nossas lentes de visão, com nosso olhar a respeito do mundo.
A palestra propunha alguns exercícios práticos:
- investir em programas para falar abertamente sobre o assunto;
- patrocinar a entrada de mão de obra diversa dentro de sua equipe;
- trabalhar em parceria com o RH para exercícios como processos seletivos sem o nome do candidato, sem sexo, sem idade.
E o que isto tem a ver com o mercado de publicidade digital?
Muitos acreditam que, como empresas inseridas na nova economia, nós, participantes do mundo da comunicação digital, teremos mais facilidade de nos adaptarmos a estas mudanças sociais. Nascemos e construímos nossas estruturas de forma muito mais orgânica. Eu, particularmente, acredito que aqui está o segredo para o sucesso de longo prazo. Aqui no Brasil, o IAB promoverá alguns encontros para debater o assunto. O primeiro deles, o Digital Ladies, acontecerá agora em março e trará o assunto da liderança feminina. Colocaremos em debate os programas já estabelecidos dentro das principais empresas do setor, como eles funcionam na prática e o que consegue obter como resultado. Com este encontro, buscaremos entender se, de fato, estamos liderando e ditando tendências com relação a uma gestão igualitária e flexível como anunciamos por aí e se, de fato, estamos adaptados à esta necessidade de igualdade social em nossas equipes. “Pessoas extraordinárias não são extraordinárias porque eles são invulneráveis a preconceitos inconscientes. Elas são extraordinárias porque escolhem fazer algo sobre isso.” (Shankar Vedantam, The Hidden Brain, 2010)