Alguma coisa está mudando na maneira como consumimos audiovisual. Há vinte anos esse consumo era coletivo, com a família em torno da TV da sala ou numa sala de cinema. Hoje vemos cada um no seu canto assistindo o seu programa num smartphone, num tablet, no seu notebook. Nos cafés, pontos de ônibus, nas filas das repartições públicas, de repente se escuta um barulho e é alguém que está assistindo um vídeo e deixou o som alto ligado.
O estudo IMS Video in Latam, lançado em novembro de 2015 para toda a América Latina e que você pode conferir no site do IAB Brasil (link), tratou de entender melhor essa mudança, suas dimensões, características e impacto no consumo de mídia. O levantamento, que mapeou o consumo de vídeos digitais no Brasil e em outros mercados da nossa região, apresentou resultados que mostram a força desta tendência: quem tem acesso a vídeos digitais no Brasil já passa mais tempo vendo vídeos online (82%) que TV aberta (73%).
Esse resultado, que não é somente do Brasil mas se repete em todos os países da América Latina onde o estudo foi realizado, surpreende pelo tamanho mas não é contrário ao que vemos no dia a dia. Se pensamos em como é a jornada do consumidor contemporâneo, multitelas e hiperconectado, ele aproveita todos os momentos disponíveis durante o dia para assisitir o que gosta. Os modelos digitais com oferta enorme de conteúdo e a comodidade de assistir a qualquer hora, fazem esse canal ser o ideal.
Outro item surpreendente da pesquisa é que os consumidores não elencam os vídeos curtos e divertidos, típicos da internet, entre os seus preferidos. Esse público está investindo o seu tempo em filmes, seriados e música, conteúdos muito fortes também na experiência de TV tradicional. O que o consumidor quer, portanto, não é necessariamente um novo tipo de conteúdo, é liberdade para escolher o que quer ver, onde quer ver e a que horas.
E essa escolha nem sempre é solitária – na verdade os entrevistados declararam que na metade das vezes em que estão assistindo um vídeo digital estão com pelo menos uma outra pessoa. Pense numa família assistindo um seriado numa TV conectada, ou mesmo em tantas vezes que alguém ofereceu o celular para você ver aquele vídeo bacana – estamos falando de uma experência on-demand e segmentada, mas ainda assim compartilhada.
Esse novo cenário traz muitas possibilidades para as marcas, assim como para os demais players. Segundo as projeções do IAB Brasil, espera-se um aumento de 14% na publicidade online para 2015 e somente a categoria vídeos deve alcançar mais de R$ 900 milhões em investimento. Essa perspectiva será confirmada em março, com a divulgação do estudo AdSpend 2016.
As campanhas de enorme alcance com montanhas de GRPs vão ficando mais raras, é verdade, porque vai acabando essa audiência tão concentrada. Mas as plataformas digitais, que em breve concentrarão a maior parte da audiência, oferecem alternativas de segmentação assertivas nas quais o target correto é atingido e a visualização da peça garantida.
Quem dominar esse novo cenário mais rápido sai na frente na corrida para o futuro do audiovisual.