Dizer que a web não é beta pode parecer uma colocação estranha para uns e muito apropriada para outros. Mas não faz muito tempo era bem comum ouvir e até ver projetos publicados com a ressalva no rodapé da página: “versão beta”. Já lemos até uma ou outra reportagem estampando na capa a ideia de que projetos digitais podem e devem ser publicados nas suas versões mais simples, o bom e velho beta, antes da grande e surpreendente versão final.
Por alguma razão, e durante muito tempo, acreditou-se que o usuário digital adorava ver o site sendo construído passo a passo, dando a impressão de que o projeto se atualizava em tempo real e que sempre havia novidades na página. O usuário mudou e o meio mudou e a boa e velha versão beta se não caiu totalmente por água abaixo, vai ter que cair, pois a definição de versão beta está mais próxima ao amadorismo do que a novidade.
Entendo por novidade algo realmente novo, uma nova reportagem, uma nova foto, um novo concurso cultural, um novo serviço, um novo produto, uma nova chamada, uma nova categoria, pelo menos.
Mas não o acabamento do projeto em si. Por isso, a importância cada vez maior de agências com equipes profissionalizadas, pessoas experientes, planejamentos reais e cronogramas cumpridos dentro dos prazos pré-estabelecidos, atendendo as necessidades das marcas. Profissionais dispostos a separar o bom e velho “beta-teste”, feito antes da publicação da versão final, da “versão beta” inacabada e que vai milagrosamente se transformar na frente do usuário.
A evolução digital trouxe também a própria evolução do usuário/consumidor para a mesa. As comparações se trocarmos o termo usuário por consumidor, a chance de um projeto não acabado trazer este consumidor de volta quando estiver pronto é muito pequena. Clicou, viu, não achou e não gostou, tchau! Recuperar este consumidor vai custar pelo menos 5 vezes mais caro do que foi leva-lo pela primeira vez para a ação digital.
Estão apenas a um clique de distância, por mais clichê que isso possa parecer. Não é mais possível pensar que os projetos mal elaborados em termos de cronograma, possam ser remendados no ar com a expectativa de que o usuário acredite em novidade e atualização.
O melhor exemplo, na minha opinião, de um excelente lançamento, foi do novo portal do Hipermercado Extra, que aconteceu esta semana. Não posso avaliar os bastidores do projeto, as dificuldades ou os contratempos que certamente existiram, mas como usuária e consumidora foi um dos melhores impactos que recebi em redesign de arte, projeto e proposta de serviço, nos últimos tempos.
O novo portal está bem feito e traz um conceito de arte no e-commerce diferente, arrisco até a dizer que inovador para o segmento. Não tem nada em construção, em versão beta ou qualquer coisa do gênero. E o mais importante: funciona. Simples assim. Mesmo que contratempos em cronograma tenham existido, não me pareceu que a marca tenha corrido para colocar uma versão beta no ar, que pouco a pouco se transformaria no resultado final que vemos hoje. E isso é respeito não só pelo usuário/consumidor, mas também por todos os profissionais envolvidos que sabem a importância de um bom trabalho.
Este projeto me faz afirmar com muita convicção: o consumidor não é beta.