Atire a primeira pedra quem nunca iniciou uma campanha segmentando seu público-alvo por meio de dados demográficos. Padrões rudimentares, como o clássico “cliente homem, entre 20 e 30 anos, residente nas capitais do Brasil, interessado em determinados produtos e serviços” já embasaram inúmeros clichês nas ações de marketing, sem realmente levar em conta a diversidade de desejos e necessidades dos consumidores.
Hoje, esse tipo de abordagem não só limita a relevância das discussões geradas pelas suas estratégias de mídia digital – tendo em vista a cobrança cada vez maior das pessoas por se sentirem representadas na publicidade –, como também faz você perder muito dinheiro, tendo em vista as alterações constantes nos padrões de comportamento e de consumo na internet, que repercutem diretamente na flutuação do custo dos inventários e, de quebra, na performance da sua campanha.
Se por um lado, quebrar a caixinha da criação tradicional de personas pode soar assustador, por outro, abrir espaço para uma comunicação hiper individualizada com os consumidores é o ponto crucial para atravessar a superficialidade dos discursos virtuais em direção ao tão sonhado vínculo da marca com a sua comunidade. E não há como fazer isso sem o apoio da tecnologia, mais especificamente, da Inteligência Artificial (IA).
Já existem soluções de IA que ajudam a cultivar essa relação com os clientes por meio de análise de dados contextuais e de navegação, que identificam em tempo real diferentes oportunidades de abordagem junto dos consumidores em sintonia com suas expectativas no momento. Por isso, não há mais desculpa para continuar fazendo campanhas baseadas em “achismos”, é preciso utilizar os dados a seu favor.
Extrapolando o critério da experiência, as oscilações acima mencionadas podem também influenciar a busca do algoritmo por perfis não tão óbvios de consumidores, que podem ser impactados a custos menores do que targets costumeiros, ou com melhores taxas de conversão, abrindo espaço para melhores resultados.
Na publicidade digital, existem quatro abordagens que vão lhe ajudar a tirar o máximo proveito da Inteligência Artificial em suas campanhas:
Analise os dados em tempo real para obter visões precisas
Em períodos de incerteza, a primeira tarefa é entender o comportamento e os novos hábitos dos consumidores e como o mercado em geral está enfrentando isso. A melhor maneira de ter esses aprendizados é coletar dados, que precisam ser analisados profundamente com o objetivo de encontrar padrões preditivos cada vez mais precisos para tomar melhores decisões. Isso também permite identificar quando é necessário mudar o curso e a estratégia devido a algum imprevisto.
Não por acaso, a transformação digital foi acelerada em todos os setores econômicos, incluindo o publicitário, por meio da implementação de sistemas de Inteligência Artificial (IA) sofisticados, como os de Machine Learning (ML) e sua evolução, o Deep Learning (DL), que permitem eficiência no processamento de dados e na gestão do conhecimento gerado.
Estas tecnologias possibilitam aos gestores terem conclusões mais precisas, o que é ainda mais importante diante de cenários incertos, quando escolher a tecnologia correta para cada desafio torna-se fundamental. Enquanto o Machine Learning chega a 80 FLOPS (Floating point operations per second), métrica usada para comparar a capacidade de processamento ou o número de operações realizadas por segundo, o Deep Learning é capaz de atingir aproximadamente 200 mil FLOPS.
Automatize o aprendizado e sua aplicação nas campanhas
Os dados, quando bem interpretados, ajudam a reduzir a incerteza e possibilitam mais assertividade sobre o comportamento do consumidor em determinada situação, o que é fundamental em cenários de mudanças intensas e constantes. Sendo assim, um banco de dados bem estruturado e com processamento em tempo real é a maneira mais eficaz para obter conclusões precisas sobre um cenário novo, o que é fundamental para direcionar as melhores abordagens e comunicações, de acordo com as expectativas de cada público-alvo em um momento específico. Mas para que isso se concretize, mais do que entender, é importante reagir.
Além de investir em tecnologias que interpretem os dados disponíveis, é importante conseguir aplicá-los em todas as etapas das campanhas, indo desde uma segmentação e personalização efetivas, até o acompanhamento e a otimização dos KPIs da performance. Por isso, busque ferramentas que permitam a automação das suas campanhas, pois isso garantirá mais assertividade, melhor tempo de resposta às mudanças, reduzirá o risco de erros e ainda liberará os talentos humanos para desempenharem atividades mais estratégicas.
Segmente seu público com um olhar pós-demográfico
Antes desta recente aceleração digital já era comum a realização de processos de hipersegmentação, que definiam públicos mais precisos quase a ponto de atingir a individualidade. Em tempos de incerteza, abordagens publicitárias mais granulares, que levam em conta os desejos e contextos de cada consumidor, tornaram-se ainda mais cruciais.
Nesse cenário, o foco apenas na demografia tradicional do consumidor, como idade, sexo, status socioeconômico fica para trás. Hoje, os consumidores tem perfil cada vez mais heterogêneo, cada um com suas próprias particularidades, de modo que avaliá-los com padrões gerais pode não corresponder à realidade, nem todos podem se encaixar no que é esperado para uma determinada idade, sexo, etc. Em contrapartida, vem ganhando espaço modelos de segmentação como a contextual baseada em Inteligência Artificial (IA), uma prática já antiga que ganha uma nova roupagem para entregar níveis de automação e personalização nunca vistos antes.
A IA é mais uma vez protagonista e cria o cenário propício para que as relações entre as marcas e os cliente sejam cada vez mais dinâmicas, pois consegue identificar e prever mudanças nos padrões de comportamento, mesmo os mais sutis com extrema precisão e velocidade. Dessa forma, é possível determinar em tempo real, especialmente, por meio do Deep Learning, as expectativas de um potencial comprador naquele exato momento, e encontrar as melhores abordagens publicitárias para capturá-lo individualmente com base em seus interesses pessoais.
Explore os formatos ideais para cada objetivo de campanha
Em tempos de incerteza também é fundamental monitorar as tendências. O uso assertivo de imagens, recursos visuais e vídeo ads seguem sendo um grande diferencial na publicidade digital, mas também foram muito impactados pelos novos comportamentos e tecnologias disponíveis. Os formatos devem ser usados nas campanhas de forma estratégica e alinhados com as necessidades e hábitos do público.
De acordo com um estudo da CISCO, em 2022, o vídeo representará 82% de todo o tráfego online. Além disso, descobriu-se que o cérebro humano é capaz de processar imagens vistas por períodos muito curtos de tempo, até 13 milissegundos, segundo pesquisa de neurocientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Some a esses conhecimentos o poder da IA para criar visualizações e narrativas cada vez mais personalizadas e gere campanhas altamente eficazes. Algoritmos de deep learning, por exemplo, possibilitam criar até 10 mil versões de um mesmo anúncio em vídeo a partir da personalização automatizada de seus elementos, sempre com base nos interesses dos consumidores em tempo real.
O ditado, diz: “é melhor prevenir do que remediar”, por isso devemos considerar que muitos dos aprendizados obtidos ao longo dos últimos anos podem e devem continuar sendo considerados em qualquer estratégia de mídia. E as soluções tecnológicas seguem evoluindo para aumentar a eficácia das campanhas diante de cenários de incerteza.
Autor: Bruno Augusto, Country Manager da RTB House no Brasil