O mercado de comunicação tem um papel fundamental na construção de uma dinâmica social mais diversa, equânime e inclusiva. Agências, anunciantes, veículos de comunicação, produtoras e plataformas são responsáveis, cada empresa a seu modo, pela criação de mensagens e campanhas que não só permeiam, como também constroem o imaginário coletivo. E se temos, como setor, o objetivo de ser mais eficientes criativamente, pesquisas e análises já mostram que não há outro modo de fazê-lo senão tendo pessoas de diferentes perfis e vivências na construção dessas narrativas.
Enquanto agente deste ecossistema, acredito muito na potência dessa construção. A partir de uma reflexão importante sobre a diversidade que a agência onde atuo trazia nas campanhas e a realidade dos nossos times, passamos, em meados de 2016, a buscar de forma ativa por profissionais mais diversos.
De uma forma mais ampla, entre os principais aprendizados dessa jornada, entendemos a importância da cocriação. Diversidade é – ou deveria ser – uma das iniciativas que extrapolam os limites entre áreas e cargos. Ou, olhando de forma mais ampla para o potencial que traz para o mercado e para a sociedade, as paredes dessa ou daquela agência. Estamos, mais do que nunca, diante de uma era que pede ações concretas para que a inclusão de grupos minoritários aconteça de fato e esse movimento impacta diretamente a construção de reputação e de entregas cada vez mais sólidas.
Somado a isso, não é possível falar de um ambiente inclusivo sem que as informações e sensibilizações aconteçam de forma horizontal, tanto para acolher os profissionais que fazem parte de algum grupo minoritário quanto para conscientizar os demais profissionais da agência sobre seu papel na criação de um ambiente de trabalho seguro para todas as pessoas.
Por fim, parte importante dessa construção, se dá pela contribuição das pessoas que fazem parte do nosso negócio. A criação de espaços de troca e acolhida, com a criação de Grupos de Afinidade, é fundamental para apontar os desafios, construir formas de conquistá-los e celebrar cada vitória, como o recente movimento do mercado publicitário, que deve ter desdobramentos nos próximos meses de forma conjunta e foi incentivado pelo posicionamento público proposto pelo Comitê de Diversidade da Mutato em oposição ao Projeto de Lei 504 – que tramitou na Assembleia Legislativa de São Paulo e pretendia proibir a veiculação de publicidade com pessoas LGBTQIA+ ou famílias homoafetivas no estado.
Dar oportunidade de que mais pessoas participem dessa construção é também compartilhar responsabilidades para que cada um possa fazer a sua parte a partir da sua realidade. E o grande vetor de mudança, está em oportunizar espaços para que profissionais negros, mulheres, pessoas LGBTQIA+ e suas intersecções possam mostrar suas potencialidades, mais do que as ausências que as dinâmicas de mercado ainda teimam em destacar.
Autora: Bárbara Lima, Diretora de Comunicação e Diversidade na Mutato.