Equidade no Marketing de Influência
Em todos os tipos de conteúdos feitos por influenciadores, o homem ganha, em média, 20,8% a mais que as mulheres. Esse é um dos dados levantados pelo primeiro estudo especificamente sobre esse tema no Brasil, que teve participação de mais de 2800 influenciadores de diversas categorias e regiões do país, realizado pela Squid, empresa especializada em marketing de influência, e a YOUPIX, consultoria de negócios para a Influence Economy.
As mulheres são maioria no mercado de produção de conteúdo e, ao contrário do que possa se pensar, o tipo de conteúdo que produzem não é só sobre moda e maquiagem. Inclusive, a categoria onde elas mais se destacam são nas áreas de finanças e saúde. O que nos mostra o grande poder de influência dessas mulheres em questões que impactam diretamente nosso desenvolvimento econômico e social.
Quando decidimos fazer a pesquisa, cheguei a acreditar que por estarmos num cenário menos conservador, que o valor do conteúdo da mulher já seria mais reconhecido. Realmente não acreditava que o comportamento e a discrepância financeira seriam tão próximos aos dos mercados convencionais. O que, pelo menos, agora nos dá mais clareza para agirmos com o objetivo de mitigar essa diferenciação que não é só salarial, mas cultural. E que diz respeito à valores distorcidos, mais profundos do que só a questão financeira. Já passou da hora de equalizarmos e respeitarmos o papel da mulher na sociedade. Seja no nosso universo micro de marketing de influência, seja no nosso contexto macro socioeconômico.
As categorias que mostram maior discrepância nos valores pagos aos influenciadores homens e mulheres são de cultura nerd/geek e tecnologia. Os criadores de conteúdo do gênero masculino recebem, em média, o dobro do que as influenciadoras. No entanto, existem alguns pouquíssimos segmentos em que as mulheres se destacam, como saúde e medicina. Nesses casos, as creators recebem, em média, 123% mais que os homens.
Quando analisamos o recorte geograficamente, as mulheres ganham mais no Norte e Nordeste, enquanto que os homens ganham mais em todas as demais regiões. A maior discrepância ocorre no Sudeste, no qual os homens ganham, em média, 36,7% a mais que as mulheres.
O primeiro passo para uma mudança estrutural é a informação. Essa busca pela equidade não é nova, nem somente nossa. Mas acreditamos que seja nosso papel como uma empresa de comunicação, averiguar e informar às pessoas sobre os dados reais, para que possamos cada vez mais nos conscientizar sobre que padrões continuamos sustentando, muitas vezes sem saber. E refletir sobre o que nós queremos e podemos fazer para mudar esse cenário.
Acredito profundamente no poder catalisador de ações de transformação micropolíticas, agir localmente e fazer a nossa parte é um ato de responsabilidade. Essa pesquisa traz informações que mudam a forma como analisamos as campanhas e provavelmente impactará a forma como as criadoras e os criadores de conteúdo produzem suas criações, que é a base do mercado de influência. Levantar informações e estimular a produção do conhecimento é um passo para mudar os rumos da área, o segundo passo é juntes co-criarmos soluções para sermos um mercado cada vez mais igualitário e consciente, colaborando também para a evolução do coletivo em que nos inserimos.
Confira a pesquisa na íntegra no site do IAB Brasil.
Autora: Isabela Ventura, CEO da Squid