É impossível começar este texto sem lembrar do início da minha relação com o IAB Brasil. Bem no comecinho da minha carreira no digital há alguns bons anos atrás, lembro de sempre acessar o conteúdo do site na busca por aprender um pouquinho mais sobre o meu trabalho e me manter atualizada. A associação sempre foi e continua sendo uma super referência pra mim.
Os anos foram passando e, em 2019, tive a oportunidade de participar do Comitê de Mídia Programática. Estava em uma empresa associada, me inscrevi e comecei a participar das reuniões. Não me questionaram se eu era alguém importante, eu só fui. Que honra. Aquele lugar que eu sempre admirei por fora e eu ali de igual para igual, podendo expressar minha opinião sobre a forma mais otimizada de comprar mídia digital e tudo o que eu já dominava com certa facilidade, mas que por diversas situações ao longo da vida, ainda me sentia uma peixinha fora d’água.
Desde o início do comitê se comentava sobre a necessidade de novos professores para o projeto Formar para Transformar e isso de cara já mexeu muito comigo. Eu queria muito dividir tudo que eu sabia com todo mundo, mas me achava pequena pra isso. O meu primeiro pensamento foi: vou ver se o meu colega com hierarquia maior topa (alô síndrome da impostora). Bom, ele não topou e falou que eu mesma deveria ser a professora. Eu? Como assim? Dando aula pra um monte de gente foda do mercado sobre programática? Já pensei que não tinha gabarito para isso… e, felizmente, eu estava enganada!
No meu trabalho eu sempre fui (e ainda sou) a pessoa que mais gosta de ajudar os outros a resolver problemas com os deals. Encarar uma DSP e fazer o troubleshooting de uma campanha, onde ao final conseguimos colocar as coisas para funcionarem é como marcar um gol de bicicleta em final de copa do mundo pra mim. E é essa a mesma sensação que eu quero que todos os meus alunos tenham ao olharem uma plataforma e saberem o que fazer.
Desmistificar a Mídia Programática não é um trabalho fácil. Passar por toda a sopa de letrinhas de RTB, DSP, DMP, SSP, CPM, CPV, KPI, VTR, CTR, LGPD, DCO, entre tantas outras dá um nó na cabeça de qualquer um no primeiro contato (e, às vezes, também no segundo, terceiro…) e o nosso papel é exatamente esse, acolher igualmente todo mundo e compartilhar o nosso conhecimento e experiências para ajudar no que estiver ao nosso alcance.
Acompanhar no LinkedIn o update de carreira de alguém que aprendeu algo comigo e conseguiu melhorar sua situação por conta do conhecimento adquirido é algo que não tem preço. Tão maravilhoso quanto solucionar um deal emperrado, só que mil vezes melhor, pois estamos falando de pessoas, de oportunidades de uma vida melhor através da educação. Não são só números, são pessoas. Faz valer a pena cada barreira que rompi pra chegar até aqui.
E lembrem-se, meninas: se ainda tem tanto líder mais ou menos lá em cima, não vamos ser nós, maravilhosas e competentes, que vamos ter síndrome da impostora. Sei que é complicado, os incentivos não são muitos, mas sempre que estiver ao meu alcance irei compartilhar conhecimento para crescermos juntas. Vocês não estão sozinhas.
Autora: Cynthya Rodrigues, BizDev Director na PMP.BID e professora de Mídia Programática no IAB Brasil