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Mulheres do Digital – O UX e busca por mais proximidade com as consumidoras

Mulheres do Digital – O UX e busca por mais proximidade com as consumidoras

A mulher sempre teve um papel fundamental quando falamos em poder de decisão de compra dentro de um núcleo familiar. Houve um tempo em que a mulher como consumidora era rotulada como “dona de casa”. Essa construção ficou para trás e, agora, ela encara uma jornada dupla, trabalhando fora e trazendo renda para a família. Ela se tornou uma consumidora empoderada, mais exigente nas suas escolhas e, por isso, sabe exatamente o que busca.

Diante desse cenário, fiquei me perguntando o que as empresas estão fazendo para humanizar e se aproximar desse perfil de consumidora? Isso me lembrou de uma importante questão que tem sido discutida nos dias de hoje na mídia digital: a injustiça algorítmica. Nem todos sabem, mas esse “algoritmo” que define o gênero tem sido, muitas vezes, um problema que vem dificultando a relação entre marcas e suas clientes.

Se em nossa sociedade atual ainda continuamos vivenciando as muitas diferenças entre cargos, salários e gênero, esses algoritmos têm contribuído para essa diferença ficar ainda mais evidente, uma vez que não são neutrais. Um exemplo disso se torna factível quando ao fazermos nosso registro em algum site, optando pelo perfil feminino, acabamos obtendo menos vantagens, créditos e outros benefícios, mesmo que tenhamos renda igual ou maior que nossos companheiros, namorados ou irmãos.

Não somente os algoritmos têm complicado essa aproximação como também essa relação de proximidade vem ganhando espaço como tema de diversos debates. Investir em storytelling, mostrar senso de humor com informação e diversão, estar ativo em redes sociais com o objetivo de criar proximidade e adaptar fluxos de engajamento para garantir uma melhor experiência são algumas das estratégias adotadas por marcas que decidiram humanizar suas jornadas na busca pela fidelidade dessas consumidoras finais e, claro, em prol do sucesso das vendas.

Em relação à injustiça algorítmica, algumas empresas têm argumentado que as tecnologias ainda possuem certas limitações, mas que também já existe um trabalho tecnológico em andamento para minimizar essas diferenças. Elas acreditam que, em um futuro não muito distante, isso será mais neutral e efetivo. Além disso, marcas que já entenderam o poder dessa relação mais genuína estão tentando se aproximar por meio do que podemos chamar de “laço humano” com sua consumidora, levando em conta que essa satisfação não depende mais somente da qualidade dos produtos e serviços e, sim, de um olhar especial para com foco em proporcionar uma experiência mais coerente e atraente para a usuária.

Afinal, somos humanas e queremos ver empatia, atenção, humanização… algo que nos traga a sensação de se identificar com a empresa ou marca e não algo frio, mecânico e que também não dependa única e exclusivamente de um algoritmo nos diferenciando. Não queremos mais respostas padronizadas e sim personalizadas, pois buscamos encontrar o que nos conecte emocionalmente a um produto, queremos um tratamento que não evidencie ainda mais essa diferença que enfrentamos diariamente somente pelo simples fato de sermos mulheres. 

Agora mais que nunca, a relação duradoura entre consumidora e marca depende dessa proximidade humana e acredito que seria um bom momento para que a injustiça algorítmica que enfrentamos seja revista e corrigida, tornando esses códigos neutrais  criando assim um maior engajamento no contexto do ambiente digital de compra, proporcionando igualdade de condições, gerando assim uma relação de cumplicidade e intimidade com as marcas. 

Autora: Heloisa Lopes, Account Director na YDigital Media e presidente do Comitê de UX/Mobile do IAB Brasil