Estamos em 2021, mas ainda há a sensação de que estamos distantes do que podemos considerar igualdade de gênero. Ao mesmo tempo, vejo a indústria da publicidade se mobilizando, buscando fomentar transformações significativas ainda que o cenário exija mais de nós. Por isso, neste mês que traz protagonismo à luta pelos direitos da mulher e que celebra as conquistas por mais equidade de gênero, observei algumas portas abertas.
Vi agências seja dobrando o número de profissionais do sexo feminino nas áreas criativas ou pela diversidade agora muito mais visível nas campanhas. Vi a Ambev ampliar o significado do termo “cervejeira” dando espaço e reconhecimento para as mulheres que atuam no mercado de cervejas. Vi também o Google lançar não apenas uma campanha voltada para o público feminino na TV e redes sociais, mas anunciar um fundo de US$25 milhões dedicado à prosperidade econômica de mulheres e meninas em todo o mundo.
E me identifiquei demais com mulheres colocando seus trabalhos “invisíveis” no seu perfil do Linkedin. Sacada genial do Women To Watch, o movimento #OTrabalhoQueNinguémVê convidou as mulheres do nosso setor a exporem que outras atividades elas desempenham para além de seus cargos, funções essas que sobrecarregam, tomam tempo e são tão importantes e urgentes quanto uma reunião rapidinha depois do horário comercial.
Estes são 4 exemplos próximos. Tenho certeza de que você, leitor, teria uma outra lista de tantos outros projetos incríveis em busca deste equilíbrio. E agora que março se encerra, como estes projetos seguem? Como as mulheres que se sentiram representadas poderão continuar suas jornadas de inclusão?
Abrir as portas é só o começo. Precisamos pensar nos corredores, nas salas, nas portas internas, no sofá e até mesmo no cafezinho. Depois de criar as oportunidades, há um desafio imenso em sustentá-las e isso só é possível por meio da consciência da necessidade de fricção, momentos criados para questionarmos nossos processos, rotinas, valores, ritos e cultura instalada.
Será que estamos prontos para sensibilizar as pessoas e as organizações sobre questões de gênero e suas intersecções o ano todo? Mesmo que você não tenha uma equipe, um projeto específico para a diversidade, tente pensar em rotinas, processos ou símbolos que te façam parar, pensar e criticar. Não precisamos esperar o próximo mês de março para que alguém nos lembre disso.
A falta de diversidade nos atrasa. Vamos lembrar disso, repetir, repetir e repetir.
Que nossa sociedade possa se construir e se estruturar com mais marcos reais e menos marços.
Autora: Cristiane Camargo, CEO do IAB Brasil.