Compartilhar

LGPD: janela de oportunidade para o ecossistema de publicidade digital

LGPD: janela de oportunidade para o ecossistema de publicidade digital

Privacidade é sobre confiança
Privacidade é sobre confiança. É sobre expectativas. É sobre manter uma zona de conforto e acreditar que ela será respeitada. É sobre escolhas e também sobre acreditar que elas serão respeitadas. É sobre relacionamentos, lealdade e como manter tais relacionamentos.

Essas palavras também poderiam ser a quase perfeita descrição de como as marcas devem interagir com seus consumidores. Todos são elementos relacionados à percepção das marcas no mercado. As pessoas consomem os produtos daquelas nas quais confiam e com as quais compartilham valores, visão de mundo. Empresas que respeitam suas individualidades, particularidades e a sua privacidade – porque, sim, privacidade é sobre confiança.

Para tudo isso, é necessário que haja um uso adequado dos dados pessoais. É necessário que tais informações sejam usadas para fins que não surpreendam a pessoa a quem elas se referem. Utilização que não adentre suas zonas de conforto sem autorização, que respeite suas expectativas. Para melhor guiar como as organizações podem tratar os dados pessoais de tal forma, foi aprovada a Lei Geral de Proteção de Dados, mais conhecida por LGPD.

Como a LGPD pode impactar o ecossistema de publicidade
A publicidade digital é uma das estruturas responsáveis pela manutenção de uma internet aberta, multifacetada, acessível a todos – independentemente de classe social, formação e região geográfica. Afinal, é ela quem permite que o acesso a alguns serviços seja mais condizente com as necessidades e as particularidades de cada pessoa. Sem falar no acesso a ambientes onde as pessoas podem mais livremente exercer direitos e liberdades fundamentais, como os de liberdade de expressão, acesso à informação e de associação.

Todavia, talvez seja também um dos mercados que mais tenha se preocupado com os impactos da LGPD, uma vez que depende intensamente do uso de dados pessoais e não pessoais. As preocupações variam desde uma eventual limitação na quantidade e tipos de informações que poderiam ser utilizadas para fins de personalização e direcionamento de anúncios até uma desconfiança na forma como alguns atores deste mercado utilizam cada uma delas. Nesse contexto, essa regulamentação pode ser um trunfo para uma gradativa retomada da confiança.

Leis de proteção de dados são normas que estabelecem procedimentos para um uso adequado, legítimo e balanceado de dados pessoais. Seguindo essa premissa, a LGPD não proíbe, não veda, não impede o uso de qualquer tipo de informação pessoal, seja qual for a finalidade – que, inclusive, pode ser comercial. Ela estabelece formas, orientações, frameworks e instrumentos flexíveis o bastante para viabilizar o uso dos dados, mas agora priorizando as expectativas das pessoas, que podem ser trabalhadas por meio de práticas, medidas de transparência e de respeito às suas decisões.

Se corretamente aplicados, os instrumentos oficializados na versão brasileira podem auxiliar na inovação, nos ganhos de eficiência em processos e na redução de custos operacionais de uma organização. Além de se tornar um grande diferencial competitivo, principalmente por fomentar a criação de espaços onde as pessoas se sentem seguras para compartilhar e permitir o uso de seus dados para fins que as beneficiem, incluindo a publicidade. Ou seja, a conduta válida no País pode ser uma grande aliada no esforço para (r)estabelecer e aumentar a confiabilidade num ecossistema essencial para manter a internet aberta e acessível a todos.

Autor: Renato Monteiro, Data Protection Counsel Lead no Twitter Brasil.

*Artigo patrocinado