É interessante pensar em como os canais de conteúdo estão mudando em tão pouco tempo. Há 10 anos, quando se falava em canal de publicidade, nos referíamos a impresso, rádio e televisão. “Hoje, os canais mudaram completamente. A “má notícia” dessa transformação é: ela não vai parar!”.
Foi por meio dessa afirmação que durante o Novo Conteúdo, evento promovido pelo IAB sobre as novas possibilidades da publicidade, Luiz Felipe Barros, diretor geral do Viber e presidente do Comitê de Adtech & Data também do IAB, fez um panorama das mudanças comportamentais e comunicacionais ao longo das décadas. Na linha do tempo apresentada por Barros, tivemos:
– Anos 60: momento em que a sociedade vivia um momento de coletividade. As pessoas queriam pertencer. Época do movimento hippie.
– Anos 70 e 80 – décadas da individualidade. As pessoas queriam se reafirmar, ter um identidade e mostrar para o mundo que eram únicas e especiais. Época do aumento do consumismo e da globalização.
– Anos 90 – a era da solidão, com reflexo na música, no consumo de drogas, no aumento da depressão e do consumo de anti depressivos.
– Anos 2000 – boom de socialização no mundo.
O início do século 21 foi marcado pelas redes sociais. E não é o fato de que elas foram revolucionárias para terem feito sucesso, mas sim porque elas foram lançadas no momento certo. As pessoas começaram a se reconectar com outras e mais do que fazerem parte, passaram a se sentirem admiradas ao expor o que elas vivem. “A cada foto que publicamos, temos likes, comentários. Toda vez que a gente adiciona uma pessoa, é um sinal de aprovação que a gente recebe”, pontuou Luiz.
Segundo o executivo, a consequência dessa hiper socialização é a super exposição, como explica a seguir. “Nós temos a nossa liberdade cerceada de alguma forma. Somos personagens múltiplos e agimos conforme os grupos que atuamos. Nas redes sociais hoje não temos mais espaço para isso. Experimente declarar seu voto e falar mal do oponente político dele para ver o estresse e a quantidade de inimizades e unfollows que você terá. Nós não podemos mais fazer esse tipo de coisa. E quem faz, sofre as consequências. O conteúdo que a gente disponibiliza é cada vez mais restrito. Não podemos ser autênticos.”
Barros também levantou a questão de que essa falta de liberdade gerou um movimento contrário que é a busca de uma liberdade social. “Ninguém quer se privar dos canais que conquistamos na última década, mas sim ter controle sobre eles. Por isso as pessoas estão migrando para os aplicativos de mensagens fechadas, onde você fala com o círculo de amizades que realmente você quer. As redes sociais são os reflexos do que acontece na sociedade . Já os aplicativos de mensangens são o reflexo da nossa vida.”
O mercado de Instant Messengers possui quatro grandes players com mais de quatrocentos milhões de usuários ativos cada. Para Luiz, o futuro desse mercado é inovação; construir um ecossistema; e encontrar formas de trazer conteúdo de qualidade. “A próxima fronteira é trazer conteúdo de maneira relevante dentro dos apps. É preciso existir um espaço para grandes produtores de conteúdo, para as marcas e pra quem quer produzir conteúdo de qualidade”, finalizou.
No vídeo abaixo, Luiz continua essa discussão sobre a diferença das redes sociais e dos aplicativos de mensagens.
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