Compartilhar

O Fim do Facebook e os exageros das projeções

O Fim do Facebook e os exageros das projeções

As discussões sobre uma suposta previsão do fim do Facebook, em que mais dos seus 80% de usuários deixariam a rede até 2017, são completamente sem sentido. Por mais que outras redes sociais já tenham passado por apogeu e queda (MySpace, Orkut etc.), é importante lembrar que a maior parte de seus usuários eram locais, de países específicos, com os EUA liderando de longe o MySpace e a base do Orkut composta principalmente por brasileiros e indianos. O Facebook é a primeira rede social mundialmente hegemônica, que realmente liga pessoas de vários países. Por isso, ela tem um potencial muito maior (e certo) de sobreviver e continuar crescendo.

Mas a maior preocupação dos profissionais de mídias sociais hoje em relação ao Facebook é o algoritmo que controla o alcance dos posts, ou seja, que dita qual informação postada na rede será vista por quais pessoas. Assim como o algoritmo de busca do Google, ele não é aberto publicamente por ser considerado um segredo estratégico. E nos últimos anos quem trabalha com marcas no Facebook percebeu claramente que o engajamento dos usuários diminuiu porque eles não recebem mais em sua timeline todos os posts das páginas curtidas, nem mesmo tudo o que seus amigos escrevem.

Isso acontece porque, com o contínuo aumento de conteúdo, o Facebook tentou criar um modo mais fácil para que o conteúdo que ele acredita ser mais relevante seja visto pelo usuário, em sua timeline. É aí que entra o algoritmo – é sabido que, quanto mais um conteúdo recebe interações, maior é a chance de que ele apareça na timeline. Ao mesmo tempo, é possível promover posts basicamente pagando por isso. É assim que o Facebook faz dinheiro.

Esse modelo é exatamente o oposto do YouTube, por exemplo. Na rede, como na publicidade online, o anunciante paga quando o conteúdo é visto e quem fez o vídeo ganha uma parte. No Twitter, os seguidores recebem todos os tweets de quem posta e existem modelos de posts patrocinados colocados no meio do feed.

O que o mercado mais teme é que o alcance orgânico de uma página fique continuamente menor. Assim, toda a base de usuários conquistada por uma marca, desde seu início no Facebook, só poderia ser ativada por meio de anúncios. É por isso que os anunciantes estão marcando presença em outras redes para fazer corpo-a-corpo com seus consumidores, especialmente nas que têm ênfase em imagens, como Instagram (também do Facebook), Pinterest e We Heart It. O tipo de conteúdo destas redes é bem diferente, o que atrai o usuário e permite aos anunciantes mais criatividade para passar suas mensagens.

Na competição direta o Google+ poderia ser um candidato para receber os anunciantes insatisfeitos. É a segunda maior rede social do mundo, com mais de 500 milhões de usuários, mas ainda bem atrás do Facebook, que conta com mais de 1 bilhão. O que ainda segura o potencial do Google+ é a falta de métricas, pois, enquanto no Facebook é possível ter uma visão muito específica sobre como cada usuário está sendo impactado, a rede do Google entrega pouquíssimas informações.

Como disse, decretar a morte do Facebook para 2017 rendeu apenas um bom fruto: a resposta bem humorada da empresa, alfinetando os pesquisadores de Princeton que criaram o estudo. Usando gráficos e projeções sem sentido, cravaram que essa universidade não terá mais alunos em 2021. E também que não haverá mais ar em 2060. Deixando as projeções de lado, o mais importante neste momento é acompanhar a evolução da timeline, sem esquecer que não é sábio deixar todos os ovos na mesma cesta.