Setenta milhões. Essa é a projeção da Anatel para o número de acessos 3G no mercado brasileiro ao final de 2012. Isso representa um crescimento de 75% em relação a 2011 e 250% quando comparado a dezembro de 2010. Mais do que isso, caso essa previsão se confirme, teremos um cenário em que 2 a cada 3 acessos à internet serão feitos por meio de dispositivos móveis e isso muda muita coisa.
Primeiramente, muda o entendimento da importância de se ter presença consistente no ambiente mobile. Afinal, não se trata mais de um meio em crescimento ou com grande potencial, mas sim de uma plataforma de negócios com milhões de consumidores. E, claro, quem entra por último ou não se prepara de forma adequada para atender o consumidor nesse canal, vai pagar uma conta mais cara.
Como o foco deve sempre ser o consumidor, cabe aqui uma revalidação do que conhecemos como “mobile”. Natural confundirmos o meio com o device e, portanto, há que se tomar cuidado ao se pensar em uma estratégia para o aparelho móvel (celulares, smartphones ou tablets). Afinal de contas, mobile (ou móvel) é o consumidor. O device, por sua vez, é portátil. Portanto, o importante é entender como se comporta o consumidor em movimento e, virtualmente, sempre conectado.
Imprescindível também é entender que não há tal coisa como a web e o mobile. A internet é uma só, pois é o meio para conexão de pessoas com pessoas e de pessoas com marcas, produtos e serviços. No final do dia, por mais complexo que pareça ser o novo cenário digital com suas diárias novidades, algo nunca se alterará: a necessidade de conectar pessoas e marcas. A questão é que cada vez mais essa conexão será digital e feita por meio de diferentes telas conectadas.
Logo, atenção à profunda mudança que estamos vivendo em relação ao uso do dispositivo móvel como meio de conexão à internet. Existem algumas “verdades” sobre o uso de internet móvel que a definem como um acesso curto, esporádico, pouco profundo e superficial. Porém, ao observar mais proximamente o consumidor, enxergamos uma mudança substancial no meio de conexão. A palavra-chave é conveniência, pois o consumidor optará pelo jeito ou aparelho mais conveniente para acessar a internet. Pode ser o PC, o celular, o tablet, a TV, a geladeira, o carro ou qualquer outra coisa (sim, falo aqui da internet das coisas).
Se o acesso à internet via dispositivos móveis é predominante quando o consumidor está em movimento, o mesmo passa a acontecer em casa. Não raro, o celular é o dispositivo preferido para acesso à internet em casa por uma simples questão de conveniência, já que é o aparelho é mais portátil e mais próximo do consumidor.
Dessa forma, é importante pensarmos em uma estratégia de mobilidade, de maneira a explorar essa oportunidade ao máximo. Isto porque, tão importante quanto o conteúdo, o contexto passa a ser fator chave para aproveitamento das potencialidades do novo meio. Basicamente, é preciso sempre lembrar que o consumidor munido de um celular pode ser ativado via mensagens de texto, torpedos de voz, ser geolocalizado, ter uma experiência de marca num app ou jogo e ser tratado de maneira individual em qualquer momento, em qualquer lugar.
Portanto, entrar neste ambiente de mobilidade não é uma opção, é uma obrigação imediata por um simples motivo: o consumidor já está “no mobile”.
Tempo não se controla. Entendimento se multiplica e esse é o desafio dos profissionais que trabalham neste mercado: levar a todos muito conhecimento sobre mobilidade.
Então, será esse o ano do mobile? Eu acho que não. Na verdade, acho que não haverá o ano do mobile por uma simples razão: nunca houve o ano da internet, ou do rádio ou da TV.
Este é o ano em que teremos 70 milhões de acessos 3G e mais de 40 milhões de smartphones no Brasil. E é só (tudo) isso.