Há alguns anos, os portais de Internet enxergavam os conteúdos em vídeo como forma de aumentar a audiência e o tempo de consumo de mídia dentro do próprio canal. Essa era a função do vídeo na Internet, ele não era visto como mais um produto gerador de receita. Hoje, o cenário já começou a mudar. Os portais e sites compreenderam que o vídeo gera um ativo, um inventário de impressões que tem valor no mercado, com alto valor de comercialização e customização, ou seja, algo que agrada a veículos e clientes.
Além da criação de estratégias de preço e serviço pelos portais, outro dado interessante é a quantidade de empresas estrangeiras que começam a aparecer no Brasil com o objetivo de criar, administrar ou mesmo comercializar estes inventários exclusivamente. O mercado de vídeos é composto pelos seguintes players: anunciantes, agências, portais e as Video Ad Networks, que gerenciam e comercializam espaços gerados pelo vídeo na Internet. Também é importante citar a distribuição do mercado de vídeos em diversos canais como mobile, TVs conectadas, Digital Signage ou até mesmo Set-Top-Box, entre outros, que também disponibilizam conteúdos em vídeo para seus usuários e, portanto, criam modelos de rentabilização.
Mas como um portal gera receita com o vídeo? Quando um usuário se propõe a assistir um conteúdo, ele permanece por algum tempo parado em frente à tela do computador concentrado no que está vendo e é neste momento de retenção da atenção que a propaganda de uma marca pode ser apresentada. Esta é a grande vantagem da publicidade em vídeo em detrimento de outros formatos de Internet, a capacidade de retenção da atenção do usuário.
Atualmente, o formato mais comum no Brasil e no mundo é o pre-roll, comercial em vídeo que é apresentado antes do conteúdo que o usuário escolheu consumir, mas não é o único. Podem também ser trabalhados o deslocamento do comercial em relação ao conteúdo, como é o caso do post-roll (após o conteúdo) e do mid-roll (no meio do conteúdo). Existem formatos de banners no vídeo, marcas d’água e ainda personalização dos players para campanhas publicitárias. Ao lado da publicidade, o conteúdo também pode ser fonte de receita por meio de produção exclusiva de materiais para anunciantes, as conhecidas séries patrocinadas ou até mesmo a produção de conteúdo publieditorial.
Hoje, o panorama do mercado de vídeo on line no Brasil é de empresas interessadas neste segmento, incluindo grandes grupos de mídia e até mesmo empresas de tecnologia, mas com uma grande carência de informação, sejam técnicas ou de mercado. O IAB tomou a iniciativa de criar um Comitê de Vídeos, para estudar, compreender, educar, promover, auto regulamentar e desenvolver o mercado no Brasil, por meio de desenvolvimento de conteúdo, eventos e iniciativas de educação.
O comitê inicia suas atividades com alguns desafios muito importantes e duas ações primordiais para o mercado: a padronização dos termos utilizados e levantamento de números de mercado. Em relação à primeira ação, duas iniciativas já estão em curso: a criação de um glossário de termos e um guia de boas práticas, que apresenta de maneira clara e objetiva pontos de atenção e um conjunto de diretrizes para campanhas de vídeo on line. Referente aos números de mercado, o comitê está discutindo quais serão as premissas para a base da pesquisa e qual a metodologia adequada para criar um estudo, já que não basta reunir todos os números de mercado, pois com o compartilhamento de inventários de vídeos entre players é inevitável a ocorrência de duplicidades.
É importante destacar que as ações do comitê não têm como objetivo padronizar a criatividade de peças publicitárias. A padronização se dá apenas nos formatos de exibição e em conceitos técnicos utilizados no mercado. O comitê incentiva, inclusive, o uso de interatividade nos conteúdos, como forma de criar campanhas mais criativas e que gerem resultados ainda melhores para os anunciantes.